terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Alguém me ouviu

"Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego
E a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
Ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou
Que em mim a luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo"

(boa música)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sentimentos

Na incerteza do acontecimento, sorri
Na busca pela felicidade, sorri
Nos olhares entrecruzados, sorri
Quando o coração palpitar, sorri

Quando te abraçar mais intensamente, chora
Quando conseguires alcançar o que queres, chora
Quando sentires orgulho em mim, chora
Quando ultrapassares todas as barreiras, chora

Quando chorares e sorrires, sente que estás vivo
Na incessante razão viver, busca o mais ínfimo pormenor
Quando me quiseres alcançar, acelera o passo
Quando buscares este sentimento, olha para mim

Pois quando estou triste, tu apareces com um sorriso
Quando estás em êxtase, eu apareço com os meus problemas
Só assim faz sentido, só assim é importante
A nossa vida completa-se, intensamente, com alegrias e tristezas!

sábado, 15 de novembro de 2008

Noite

Ela estava sentada naquela mesa, e ele estava ao seu lado. Mas ela não queria ver, sentir, imaginar ou falar-lhe. Naquele dia gélido, onde tudo correra mal, estavam os dois, feitos dois estranhos, sem reagirem à presença um do outro. Mas ele fazia de tudo para chamar a sua atenção. Todavia, ela permanecia incólume, numa pose idílica de estátua perfeita.

Naquele momento, sem se saber porquê, ela sai, correndo. Foge para algum lugar, desconhecido tanto para ele, como certamente para ela. Estava agora no jardim, onde tudo começara e, infelizmente, também acabara. Por coincidência, ou talvez não, ele também lá estava. Mas continuavam a não se falarem.

De repente, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto pálido. Ele, num gesto brusco, tenta secar-lha, contudo em vão. É impressionante, pois nem sempre as coisas evoluem no melhor sentido, às vezes tudo chega ao fim e não há nada que possamos fazer.

Cansada de tudo, decide regressar a casa, vagueando pelos passeios desertos. Ele segue-a. As lojas já fecharam há muito, sente-se sozinha, ou quer mentalizar-se disso. Perante o semáforo, deseja apenas que houvesse algum carro. Subitamente, tenta lançar-se, porém ele detém-na e sentem a respiração um do outro. Quase que se olham, mas seguem direcções opostas.

Chega sozinha a casa, atira-se na cama e chora. Ela estava ali, ele já não!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gota

Gota que corre, escorre, pesa,
Deixa-se levar pela força do vento
Grave, suspensa, pára, continua
Intensamente azul, levemente salgada

Gota que quer rebentar
Na cara, na roupa, ou no chão
De tristeza, de alegria, de êxtase
Estupidamente largada, sinceramente sentida

Gota que leva consigo sentimentos
Livre, refém, apático, taciturno
De nada resolverá, mas muito importará
Aparece em catadupa, desaparece num instante

Gota brilhante e cinzenta
Que limpa, suja e mói
Fortalece, esclarece, promete
Gota pequena, grande, leve, pesada
Gota!

(dedicado ao vazio de ideias por que passo lol foi o que saiu de momento.. actualizado lol)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Por vezes...

Porque o momento depende de uma circunstância
Por vezes quero rir, mas só a lágrima cai
Por vezes quero dizer, mas a voz prende-se
Nada na vida é determinante ou inerte
Por vezes, quero dar-te o momento, mas só me tens a mim
Por vezes sei que é fácil errar, mas quero sempre ganhar

E somos tão fortes e fracos ao mesmo tempo
Que por vezes gostava de atingir o céu
Quando, muito vezes, nem na terra estou convicto
Nada é para partilhar, mas por vezes quero dar
Nada, nem ninguém, me pode negar um começo
Se ainda não há experiência de um fim

E é tão fácil sermos heróis e criminosos
Por vezes quero mudar o mundo, mas só o pioro
Mas o bater do meu coração permanece
Estou vivo, mas por vezes quero esquecer-me disso

E nesta roda-viva, junto da multidão
Somos mais um, mas por vezes queríamos ser os únicos
Reinventar o que nos rodeia é por vezes uma opção
As ruas parecem profundas, os passos custam a dar
Está escuro, os carros passam e os holofotes iluminam-nos.

Mas nada vai mudar a minha maneira ser
Pois, se por vezes quero rebentar
Constantemente encontro que afinal este ser
Pautado por erros e fantasia
Sempre terá a oportunidade de vingar na felicidade
Por vezes ou sempre, nada será impossível!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lágrima

E ela escorre-me pela cara, pelo peso da circunstância passa depressa. Chega uma atrás da outra, em catadupa frenética. Um êxtase diferente, uma raiva transfigurada em lágrimas cristalinas, ora mais doces, ora mais salgadas. Limpam-mo o rosto, libertam a alma. No final das contas, sucumbi às pressões, esvaziei-me na minha essência, reinventei-me e redefini-me, para voltar a ser eu, ou quem sabe um outro que substitua a fraqueza o meu eu.

E vou tentando alcançar essa perfeição que, meramente idílica, me faz ser obstinado, mas compulsivamente depressivo, num jogo perigoso de palavras ditas ou não ditas, em gesto bruscos e singelos, em olhares lacónicos ou irritados, um verdadeiro jogo da corda bamba.

Tento manter as cordas que suportam a razão e o controlo, mas a estrutura é tão frágil que parece quebrar-se ao mais ínfimo toque. Não, não partas, por favor. Temos de continuar esta jornada, antes que ela volte a cair, essa lágrima ambígua e sinistra.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Luz

Já pensei muitas vezes sobre isso, nunca ninguém se importou ou me ouviu, será um sentimento normal ou estarei apenas a sonhar. Será paranormal, quem sabe.

Mas o meu tempo continua a passar, de uma forma imperceptível e sem cor. Ladeado de luzes esbatidas, reluzentes e brilhantes, vagueio paulatinamente pelas ruas, acreditando que tudo terminará na próxima esquina. Deveria esquecer tudo o resto, aquele pedacinho de razão que me prende àquilo que não quero ser.

E a luz continua ali, agora aquece-me as costas, como me chamando para virar radicalmente um modo de vida pouco usual e aceite. Eu não acredito em presságios, por isso continua nesta minha teimosia incessante forma de errar. Será estupidez?

Desejo ansiosamente a vontade de arriscar, pois só assim me conseguirei ver livre deste foco que me acompanha e retomar, retomar à vida em pleno. Serei feliz e aí, sim, poderei sorrir!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Uma despedida anunciada...

Chegou ao fim, o ciclo tocou num ponto inevitável, onde tudo desabou e me obrigou a retomar um novo rumo, uma nova esperança.

Para trás fica tudo o que vivi, tudo quanto chorei, gritei, ri, esbocei, ou simplesmente pensei. Só assim parto com a certeza que nada foi em vão, cada segundo teve o seu significado e o seu espaço dentro de mim.

Fui marcado, mas também marquei, da forma mais duradoura possível, aquela sem julgamento, aquela que fica na lembrança.

É altura de combater novas batalhas, mas tudo o que aprendi me vai ajudar a ser mais audaz e astuto, as dificuldades esvanecer-se-ão ao toque da memória que me presenteará, constantemente, com a mais bela recordação do passado, como uma mão que ampara a queda e nos ensina a olhar em frente.

Pois na altura da despedida sentimos um vazio enorme, um desamparo fictício, que só o tempo nos mostrará o benefício. Vou virar-me de uma vez só, sem olhar para trás, não levem a mal. É a única maneira de o conseguir fazer, sem aquela mesma lágrima do início me escorrer pela cara. Afinal de contas, a despedida já estava anunciada. Mas dói, e muito...

domingo, 27 de julho de 2008

O Se da vida

Porque se é para ser forte, então lutemos
Se é para sermos livres, então gritemos
Se é para nos sentirmos realizados, então busquemos
Se é para relaxarmos, então fechemos os olhos por um segundo

Busquemos ao mais ínfimo pormenor, a essência da sua existência
Auspiciemos ao ímpeto mais honroso que a mente busca
Libertemo-nos das amarras, e vejamos o horizonte
Aí sentiremos algo a crescer e a tomar forma
Um novo ser dentro de nós ou uma metamorfose enigmática?

Pois se é para chorar, limpemos os olhos primeiro
Se é para nos sentirmos felizes, então nos rodeemos de amigos
Se é para vencermos etapas, tenhamos o apoio de todos
Pois nada faz sentido sem que esteja correlacionado com outra coisa

A vida rege-se por sentidos que vêm de dentro de nós
Mas que só ganham significado se forem aceites pelo que está à volta

Pois, se é para morrermos um dia… então que vivamos intensamente!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Impulso

Antes do impulso, não há consequências
Antes do impulso, somos poderosos
Antes do impulso, vivemos tranquilos
Antes do impulso, estamos aptos a vencer

E depois nos apercebemos que tudo passa
Vemos que nada é em vão
Há coisas que não podemos explicar
Há coisas que nos fazem perder a razão

Nunca, tão forte e intenso, idolatra
Sua maneira ingénua de pensar
Frágil, fraco, impotente
Naquele momento não deixou de arriscar

Antes do impulso, vês as fraquezas
Antes do impulso, sentes os riscos
Antes do impulso, projectas a tua culpa
Antes do impulso... não há arrependimento

sábado, 12 de julho de 2008

Toque

Nesse jeito especial, ensinei-me a voar
Na imaginação levei-me a sonhar,
E por muito que queiras imaginar,
Nunca conseguirás perceber como é o toque da minha mão.

Apenas agora descobri
Que a imaginação leva-nos aonde queremos
Sinto o corpo a tremer, a compulsão intensifica-se
Esta obsessão leva-me à loucura
Nunca consegui perceber como é o toque da tua mão

Sinto-me dentro de ti
Estas novas descobertas libertam-nos
E não é presunção pensar e querer
Saber como será o toque das nossas mãos.

Amanhece

Parece amanhecer, no meio daquela tarde enublada, pela cinzas que correm com a maresia, sente-se o odor do desconhecido, e só aí nos apercebemos que tudo se desmorona à nossa volta.

Parece amanhecer, quando estamos sós, ao abrigo do infortúnio, à desconfiança da nossa razão, onde nos perdemos e encontramos num razão de segundos.

Parece amanhecer quando me dou a conhecer, quando sorrio levemente, mostrando uma timidez inevitável, no fundo julgando ser a expressão mais aterradora à face da terra.

Parece amanhecer, quando me encontro comigo mesmo, onde descubro as minhas trevas e as deixo libertarem-se, as deixo fugir, dando lugar a um lugar idílica mas extremamente exânime.

Parece amanhecer, que demonstro a loucura de uma mente cansada, quando me exprimo da forma menos usual, quando sou livre para inovar e inventar uma personagem que só me cabe a mim.

Parece amanhecer, porque vejo o sol, ora quente nas minhas costas, ora gélido quando fecho os olhos.

E no rodopiar das sensações mais inusitadas, sinto que ainda estou vivo, aliás este cheiro esquisito que me entra pelas narinas me faz sentir curioso. O que será?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Voz


Eu sou a voz
A voz dessa tua consciência adormecida
A voz do passado e do futuro que te espera
A voz da tua natureza e de algo que ainda virá
Não tenhas medo, porque hoje saberás
Eu sou a voz que o caminho guiará

Trago a força que deixaste outrora perdida
Sou o grito abafado pelos medos alheios
Vá, não tenhas medo, outra vez
Eu sou a voz que te conhece bem

Eu sou a voz, aquela da brisa do mar
Eu sou a voz, aquela da raiva escondida
Eu sou a voz, a que te traz a esperança
Sou como a força da Primavera a florescer

Não te esqueças de mim
Eu sou a voz que espera por ti
Sou aquilo que desejas, na alvorada pronunciada
Sou a cura da ferida, a chama da dor
Vá responde-me... eu sou a voz que chama por ti!

sábado, 7 de junho de 2008

Saudade

Por que é que a saudade às vezes nos corrói? Não consigo fechar os olhos, as lembranças enchem o panorama, o coração acelera, a ansiedade instala-se e um desejo incontrolável de voltar ao passado atormenta todo o meu ser.

Será nostalgia, saudosismo ou apenas recordações saudáveis? Ah mente perversa, de tanto serves, mas de tanto me fazes sofrer. Fragmentações desproporcionadas de um tempo repleto de sorrisos e de outros com olhares lacónicos de desinteresse.

O tempo passa e não espera por nós, serei eu um incapaz de o acompanhar. Só ele, o tempo, o dirá. Por minha parte, fica apenas a saudade!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Olhar

Por que é que não conseguimos olhar fixamente durante poucos segundos? É inegável que desconhecidos não se conseguem encarar. Alguma vez parámos para pensar como é difícil confrontar alguém que se cruza connosco na rua, alguém que está no mesmo café ou, simplesmente, alguém que vai sentado à nossa frente naquele trivial autocarro? O olhar, este acto simples e complexo ao mesmo tempo, que comporta tanta ciência. Os segundos de estatismo no olhar aumentam com os anos em que conhecemos a pessoa. Aos poucos e poucos vamos roubando tempo ao tempo. Esse que fomenta o conhecimento, esse que no ajuda a encontrar o suporte no olhar do próximo.

O quão perigoso poderá ser olhar de forma leviana para aquele ser que vai à nossa frente. Talvez fôssemos mal interpretados, pois das duas uma, ou queríamos algo íntimos com essa pessoa, ou seria um olhar puramente belicoso.

Oh mas sei que outrora não foi assim, antigamente olhava com despudor, com a despreocupação inocente de quem não teme o confronto, olhava daquela forma que talvez fosse a mais correcta e verdadeira, pois sabia que daí não resultaria nenhuma consequência negativa. Será que pode ser assim outra vez?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Lenço

Outrora longos, viu-os desaparecer, fio a fio, como se os contasse, olhava de forma lânguida aqueles finos e frágeis cabelos. Escorriam-lho pelos ombros e por fim caiam no chão, de forma suave e paulatina. Toda a sua vida mudara no instante em que soubera da notícia, queria desaparecer para não sofrer. No entanto, todos lhe deram força para continuar a lutar. Aquele lenço na cabeça era a sua marca, aprendeu a não se envergonhar da sua situação. Agora era uma mulher forte e determinada, com esperança de que tudo fosse passageiro e plenamente convicta que tudo tinha uma razão, nada acontecia por acaso. Talvez fosse uma prova, um castigo, ou uma partida do destino!

O tempo passou, o vento ficou mais sereno e, aos poucos, os seus cabelos cor de ouro começaram a crescer. Voltava a ser a mesma de sempre, o sorriso acendeu-se e tudo retomava o seu curso!

Lá em casa chamavam-lhe «lencinho» e, habitualmente, usavam o mesmo adorno em sinal de normalidade, não forçada, mas necessária. Era feliz e compreendida!

A sua filha era quem mais a apoiava, era alegre e vincadamente teimosa naquilo em que acreditava. Todavia, estes últimos meses tinham ido muito abaixo. Pese embora o facto de sua mãe estar completamente recuperada, tinha perdido as forças e o ânimo. Algo não ia bem, sentia-se desesperada, mas não mostrava. Sem saber bem porquê o azar tinha chegado à sua porta. E agora vejo-a, a caminhar neste corredor, com passos suaves! Entra no quarto, baixa-se custosamente e retira-o da gaveta. O lenço vermelho ia ter a mesma utilidade!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Brinquedo

Oh aquele brinquedo que o fazia viajar, querer chegar lá! Que grande e belo, estupendo de faces rectas e traços vincados. Virava, girava, esticava, metamorfoses forçadas pelas mãos da criança que grita, chora e vive!

Oh esse brinquedo que lhe transformava o coração, esse "brinquedo de corda", transfigurado em algo irreal. Sentia a cabeça a voar, os segundos a esvanecerem pelos dedos sujos da terra, o cheiro a terra molhadas, e o verde cintilante da relva acabada de plantar. Era o ciclo da vida, na sua potência máxima. E a criança brincava, feliz e descomprometida, naquele seu jeito tão próprio.

Com aquele brinquedo, apenas aquele, conseguia colocar o seu pensamento noutro local, um rodopio em catadupa frenética. Em torno dele podia partir e chegar àquela estação do sonho, onde se conheceram e despediram. Lembras-te? Oh o sonho cresce, enche o espírito de vontade. E não digas que é estupidez querer o imaginário.

Com o brinquedo viajava, sim, ia àquele sítio e voltava, gostava de fazer amigos. Eram momentos solitários, mas repletos de momentos intensos.

Aninhava-se baixinho, sorria intensamente, fechava os olhos vincadamente, apertava o brinquedo contra o peito e partia. Que ritual tão simples e singelo!

Aquele simples brinquedo era assim, consumia-lhe as forças, mas dava-lhe vida. Através dele conseguia personificar-se, através dele era feliz. E não é ridículo por ser utópico. Ridículo é não sonhar, ridículo é não viver.

Ai, o meu brinquedo!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Brincos Pirosos

Simples e banais, uns simples brincos laranja, do mais piroso e usual que existe, reluziam naquela que seria por certo a mais delicada e singela orelha.
Simples combinação do acaso, ou um acesso de pirosada num ímpeto de revolta contra os estereótipos sociais?

A complementar, um cabelo com as famosas nuances, uma camisola decotada e uma banhinha bem jeitosa, que denuncia aquele bolo apetitoso que vinha a comer repetidamente durante os últimos dias.

Andava majestosamente, com uma segurança singular. Os risinhos e comentários passavam completamente ao lado daquela personagem ridícula e pouco original.

Mas que se passa? Será que os espelhos se apagaram para essa criatura? Será que tem uma deturpação visual, qual catarata, qual quê!

E ela só queria ser feliz, ao jeito peculiar dela, mas inteiramente lícito nessa ânsia apressado, nesse desejo insatisfeito, nessa catadupa de sentimentos!

Cátia Vanessa, para sempre nas nossas memórias ficará esse garbo que te tornou mulher, essa imagem que tornou uma Ana Malhoa sensual.

Vai querida, brilha e torna-te estrela.


Atenção: devaneio causado por um raio certeiro ao centro da retina. Sempre que sintomas semelhantes persistam, consultem o vosso veterinário ou farmacêutico.

terça-feira, 4 de março de 2008

Razão

Estava escuro, o frio trespassava a pele e, perfurando como um punhal aguçado, lembrou-lhe que algo iria mudar. Era talvez uma noite diferente, ou então mais uma, sozinha, morosa e inabalável. Talvez seria o delírio, ou então a mais pura realidade. Nada saberia em concreto, a não ser querer que o tempo passasse. Tudo se resumia àquele momento, àquele minuto. E, dando voltas às cabeça, num roda vida de emoções, cogitações e sensações nunca dantes pensadas. Pensadas sim, embora desejadas como sentidas e vividas. Racionalidade crua e dura, numa analogia ao puro sofismo categórico, que nos massacra e corrói. Rodopia vida, rodopia. Dá a volta, vira página! E o vento volta, depois de terminado minutos antes. O cabelo esvoaça, o casaco é fechado, as emoções mudam e a expressão neutraliza-se. A corrida torna-se eminente, os passos alargam-se e o destino aproxima-se. A meta está mais próxima. Mas qual será o prémio? O mundo gira nos seus olhos, é a ilusão. Apetece-lhe cair e dormir, não consegue. Está em êxtase! Quer saltar, pular, sentir o chão. E no balanço dos episódios, a encarar o vilão, eis que os olhos se fecham e se cala a razão! E só aí tudo se esvanece, afinal não estava escuro, afinal não era vento, tudo era mito e nada era real. É aí que um raio quente obriga uma das janelas da alma a abrir-se, mostrando que mais alto o sol brilha e a solidão se mantinha. A vida exânime estava lá e por mais forte, duro e independente que fosse, tudo que mais ambicionava era... ajuda!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Devaneio

Apenas imprecisas impressões de um tempo gasto pela usura.
Tivemos o mundo, fomos o mundo!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sorriso

Estava sentada na praia, sentindo levemente o cheiro da maresia. Fechou os olhos, queria pensar numa vida pontuada com momentos marcantes e intensos. De repente, uma lágrima pesada e fugaz escorreu-lhe pela cara. Era a explosão daquelas infinitas que povoam todo o seu ser!
Paulatinamente, invadiram-lhe a mente os últimos dias. Os problemas com o marido, a discussão com a mãe, o despedimento, o acidente do filho... e que mais lhe restava naquele momento? A solidão, um refúgio sempre oportuno e fácil. Respira bem fundo, uma lufada violenta de ar preenche-lhe a alma. Sente-se cheia agora! Era como um carregar de bateria, gostava de se sentir pura, renovada com a Natureza envolvente. Despe-se! Primeiro com passos lentos e pesados, gradualmente céleres e graciosos, lança-se no mar. Passaram-lhe longos minutos e, por fim, regressa à areia quente por aquele sol outonal. As folhas, finalmente amarelas, esvoaçavam pelo ar, numa levitação mágica e quase irreal. O mundo é tão perfeito, cheio de pormenores interessantes. Era mote para ela recomeçar. Encontrar um sentido convincente e realmente preponderante. Volta as costas ao mar e parte, não sabia bem para onde, mas sabia que para um lugar melhor. Abana levemente a cabeça e sorri, era de facto uma dádiva viver!