segunda-feira, 5 de maio de 2008

Olhar

Por que é que não conseguimos olhar fixamente durante poucos segundos? É inegável que desconhecidos não se conseguem encarar. Alguma vez parámos para pensar como é difícil confrontar alguém que se cruza connosco na rua, alguém que está no mesmo café ou, simplesmente, alguém que vai sentado à nossa frente naquele trivial autocarro? O olhar, este acto simples e complexo ao mesmo tempo, que comporta tanta ciência. Os segundos de estatismo no olhar aumentam com os anos em que conhecemos a pessoa. Aos poucos e poucos vamos roubando tempo ao tempo. Esse que fomenta o conhecimento, esse que no ajuda a encontrar o suporte no olhar do próximo.

O quão perigoso poderá ser olhar de forma leviana para aquele ser que vai à nossa frente. Talvez fôssemos mal interpretados, pois das duas uma, ou queríamos algo íntimos com essa pessoa, ou seria um olhar puramente belicoso.

Oh mas sei que outrora não foi assim, antigamente olhava com despudor, com a despreocupação inocente de quem não teme o confronto, olhava daquela forma que talvez fosse a mais correcta e verdadeira, pois sabia que daí não resultaria nenhuma consequência negativa. Será que pode ser assim outra vez?