segunda-feira, 12 de abril de 2010

Coisas extraordinárias

Dizer eu preciso de ti, e tu darias sentido ao que existe.
Esperar um sorriso, e tu estarias a dar vida ao que morrera para mim.
Escrever-te um poema, e tu dir-me-ias que não era ridículo.
Pegar-te na mão suavemente, e tu apertar-ma-ias ternamente.
Passar-te o braço no ombro, e tu aconchegavas-te profundamente.

Fazeres-me algo inesperado, seria um prova de que como sou importante.
Contares os segundos para estarmos juntos, o coração palpitaria.
Não quereres estar com mais ninguém, só eu te preencheria.
Dizeres-me eu amo-te repetidamente, e eu pedir-te-ia mais uma vez
Olhar-me nos olhos candidamente, seria um convite para avançar.


Somos apenas pessoas normais, à espera que nos aconteçam coisas extraordinárias

domingo, 28 de março de 2010

Vozes baixas

E eu tinha tanto para te dizer, tanto e tão pouco por fazer, mas a alvorada acabou e agora está escuro. Não é certo ou errado, por sinal, pequenas similitudes entre mim e o resto. Mas algo falha, tudo me enfraquece, e arriscar torna-se algo a que, não estando apto, se transforma na coisa mais aterradora do mundo.

Pois se não sou capaz, outro o será, e lutará por isso, com jeito matreiro e audaz, conseguirá tudo que eu poderia achar que seria meu, tudo o que eu queria, mas que tacitamente lhe ofereci, de mão beijada, mas renegada.

Considero que nada mudará, tudo ficará igual, ora alegre, ora lacónico, pautado de pequenas ansiedades fugazes, mas com a fragilidade que me é apanágio. Continuará a não me conhecer, ou apenas metade, serei o livro eternamente não lido, as folhas gastas pelo tempo, que apaga as frases mais espectaculares. Será uma oportunidade perdida, para mim, mas queria que para ti. Serei a voz baixa que não consegue berrar, ou será abafada por outro que esteja a gritar. Indefinição do que não quero, com a certeza do que desejo. Mas a voz continuará lá. Consegues ouvir?

domingo, 3 de janeiro de 2010

Dia da Saudade

Um dia tocou-me no rosto, como o fogo que abraça ternamente a presa, foi-me devorando aos poucos, ora mais intensamente, ora de um jeito mais agradável.

Encheu-me de esperança, de confiança, de tudo aquilo que auspiciara, de tantas coisas e tão poucas, quase no jeito utópico de querer dar-me aquilo a que nunca estaria apto a receber. Queria dar-me demais, mas eu queria receber tudo e mais um pouco.

Então, o coração palpita, a ansiedade aumenta, os poros abrem-se, a pele arrepia-se, as narinas sugam o mais ínfimo cheiro. Mas eu não consigo aproveitar tudo o que está à minha volta.

E a noite cai, a lua alta me ilumina e eu entristeço. Perdi aquilo que o dia me oferecera, fui incapaz de roubar tudo o que estava ao meu dispor. A raiva e a frustração invadem o meu ser, rebento por dentro, mas enrijeço por fora. Fico apático, no canto daquele quarto sombrio, balançando para frente e para trás como uma marioneta. Revolto-me, levanto-me, fecho as cortinas subitamente. E paulatinamente uma lágrima cai-me pela cara. Adormeci, ali mesmo, no chão.

Mas a vida é surpreendente, acordei de forma lancinante com um raio de sol que atravessara os meus olhos cerrados, lembrando-me que tudo é cíclico. Tudo estava novamente ao meu dispor, sorrindo para mim, em jeito de convite sincero. A força estaria dentro de mim, e a verdadeira vida no meu coração. Pois, afinal de contas, cada um tem o seu ritmo, e não devemos frustrar-nos por não conseguir tudo hoje. Dia de saudade, amanhã é um novo dia, uma nova oportunidade. De viver, de ser feliz!