domingo, 3 de janeiro de 2010

Dia da Saudade

Um dia tocou-me no rosto, como o fogo que abraça ternamente a presa, foi-me devorando aos poucos, ora mais intensamente, ora de um jeito mais agradável.

Encheu-me de esperança, de confiança, de tudo aquilo que auspiciara, de tantas coisas e tão poucas, quase no jeito utópico de querer dar-me aquilo a que nunca estaria apto a receber. Queria dar-me demais, mas eu queria receber tudo e mais um pouco.

Então, o coração palpita, a ansiedade aumenta, os poros abrem-se, a pele arrepia-se, as narinas sugam o mais ínfimo cheiro. Mas eu não consigo aproveitar tudo o que está à minha volta.

E a noite cai, a lua alta me ilumina e eu entristeço. Perdi aquilo que o dia me oferecera, fui incapaz de roubar tudo o que estava ao meu dispor. A raiva e a frustração invadem o meu ser, rebento por dentro, mas enrijeço por fora. Fico apático, no canto daquele quarto sombrio, balançando para frente e para trás como uma marioneta. Revolto-me, levanto-me, fecho as cortinas subitamente. E paulatinamente uma lágrima cai-me pela cara. Adormeci, ali mesmo, no chão.

Mas a vida é surpreendente, acordei de forma lancinante com um raio de sol que atravessara os meus olhos cerrados, lembrando-me que tudo é cíclico. Tudo estava novamente ao meu dispor, sorrindo para mim, em jeito de convite sincero. A força estaria dentro de mim, e a verdadeira vida no meu coração. Pois, afinal de contas, cada um tem o seu ritmo, e não devemos frustrar-nos por não conseguir tudo hoje. Dia de saudade, amanhã é um novo dia, uma nova oportunidade. De viver, de ser feliz!