sábado, 15 de novembro de 2008

Noite

Ela estava sentada naquela mesa, e ele estava ao seu lado. Mas ela não queria ver, sentir, imaginar ou falar-lhe. Naquele dia gélido, onde tudo correra mal, estavam os dois, feitos dois estranhos, sem reagirem à presença um do outro. Mas ele fazia de tudo para chamar a sua atenção. Todavia, ela permanecia incólume, numa pose idílica de estátua perfeita.

Naquele momento, sem se saber porquê, ela sai, correndo. Foge para algum lugar, desconhecido tanto para ele, como certamente para ela. Estava agora no jardim, onde tudo começara e, infelizmente, também acabara. Por coincidência, ou talvez não, ele também lá estava. Mas continuavam a não se falarem.

De repente, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto pálido. Ele, num gesto brusco, tenta secar-lha, contudo em vão. É impressionante, pois nem sempre as coisas evoluem no melhor sentido, às vezes tudo chega ao fim e não há nada que possamos fazer.

Cansada de tudo, decide regressar a casa, vagueando pelos passeios desertos. Ele segue-a. As lojas já fecharam há muito, sente-se sozinha, ou quer mentalizar-se disso. Perante o semáforo, deseja apenas que houvesse algum carro. Subitamente, tenta lançar-se, porém ele detém-na e sentem a respiração um do outro. Quase que se olham, mas seguem direcções opostas.

Chega sozinha a casa, atira-se na cama e chora. Ela estava ali, ele já não!

1 comentário:

Equilibrista disse...

Bonito... Profundo!

Gostei =)

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