quarta-feira, 19 de março de 2008
Brincos Pirosos
Simples combinação do acaso, ou um acesso de pirosada num ímpeto de revolta contra os estereótipos sociais?
A complementar, um cabelo com as famosas nuances, uma camisola decotada e uma banhinha bem jeitosa, que denuncia aquele bolo apetitoso que vinha a comer repetidamente durante os últimos dias.
Andava majestosamente, com uma segurança singular. Os risinhos e comentários passavam completamente ao lado daquela personagem ridícula e pouco original.
Mas que se passa? Será que os espelhos se apagaram para essa criatura? Será que tem uma deturpação visual, qual catarata, qual quê!
E ela só queria ser feliz, ao jeito peculiar dela, mas inteiramente lícito nessa ânsia apressado, nesse desejo insatisfeito, nessa catadupa de sentimentos!
Cátia Vanessa, para sempre nas nossas memórias ficará esse garbo que te tornou mulher, essa imagem que tornou uma Ana Malhoa sensual.
Vai querida, brilha e torna-te estrela.
Atenção: devaneio causado por um raio certeiro ao centro da retina. Sempre que sintomas semelhantes persistam, consultem o vosso veterinário ou farmacêutico.
terça-feira, 4 de março de 2008
Razão
Estava escuro, o frio trespassava a pele e, perfurando como um punhal aguçado, lembrou-lhe que algo iria mudar. Era talvez uma noite diferente, ou então mais uma, sozinha, morosa e inabalável. Talvez seria o delírio, ou então a mais pura realidade. Nada saberia em concreto, a não ser querer que o tempo passasse. Tudo se resumia àquele momento, àquele minuto. E, dando voltas às cabeça, num roda vida de emoções, cogitações e sensações nunca dantes pensadas. Pensadas sim, embora desejadas como sentidas e vividas. Racionalidade crua e dura, numa analogia ao puro sofismo categórico, que nos massacra e corrói. Rodopia vida, rodopia. Dá a volta, vira página! E o vento volta, depois de terminado minutos antes. O cabelo esvoaça, o casaco é fechado, as emoções mudam e a expressão neutraliza-se. A corrida torna-se eminente, os passos alargam-se e o destino aproxima-se. A meta está mais próxima. Mas qual será o prémio? O mundo gira nos seus olhos, é a ilusão. Apetece-lhe cair e dormir, não consegue. Está em êxtase! Quer saltar, pular, sentir o chão. E no balanço dos episódios, a encarar o vilão, eis que os olhos se fecham e se cala a razão! E só aí tudo se esvanece, afinal não estava escuro, afinal não era vento, tudo era mito e nada era real. É aí que um raio quente obriga uma das janelas da alma a abrir-se, mostrando que mais alto o sol brilha e a solidão se mantinha. A vida exânime estava lá e por mais forte, duro e independente que fosse, tudo que mais ambicionava era... ajuda!
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Sorriso
Paulatinamente, invadiram-lhe a mente os últimos dias. Os problemas com o marido, a discussão com a mãe, o despedimento, o acidente do filho... e que mais lhe restava naquele momento? A solidão, um refúgio sempre oportuno e fácil. Respira bem fundo, uma lufada violenta de ar preenche-lhe a alma. Sente-se cheia agora! Era como um carregar de bateria, gostava de se sentir pura, renovada com a Natureza envolvente. Despe-se! Primeiro com passos lentos e pesados, gradualmente céleres e graciosos, lança-se no mar. Passaram-lhe longos minutos e, por fim, regressa à areia quente por aquele sol outonal. As folhas, finalmente amarelas, esvoaçavam pelo ar, numa levitação mágica e quase irreal. O mundo é tão perfeito, cheio de pormenores interessantes. Era mote para ela recomeçar. Encontrar um sentido convincente e realmente preponderante. Volta as costas ao mar e parte, não sabia bem para onde, mas sabia que para um lugar melhor. Abana levemente a cabeça e sorri, era de facto uma dádiva viver!
domingo, 12 de agosto de 2007
II - Cogitações
Há tantos lugares que nunca conheci, tanto que imaginei estar e alcançar e nunca consegui concretizar tantos sonhos que guardo dentro de mim. Mas um dia sonho espero alcançá-los. Sempre tive tudo na vida, um emprego bastante razoável, um óptimo carro na garagem, uma casa no centro da cidade; contudo sempre me faltou o mais importante, a paz de espírito! Sinto que vivi uma verdadeira vida falhada, uma vida que não a minha. Talvez seja o resultado de trilhar caminhos sempre planeados e idealizados!
Havia uma telepatia no olhar, um contentamento disfarçado na expressão tranquila e sincera de um simples mortal à procura de respostas nunca vindouras. Era a força do segundo, sempre eterno e moroso, no entanto, desejado como perene e ligeiro. Por vezes, algo acontece de uma forma tão intensa, que nos perguntamos se alguma vez estivemos preparados para tal, talvez não, nunca se sabe até que ponto pode a força humana resistir, até quão longe pode ir a espectacular forma de sermos audazes, de desejar e arriscar. Eu sou mais um daqueles que tudo quer, mas que pouco faz para atingir os seus objectivos. Sempre me habituei a conseguir tudo com muito pouco esforço, quando algum obstáculo se interpunha no meu caminho, amaldiçoava sempre a minha sorte, julgando ser eu o mais injustiçado do mundo. É engraçado esse desejo de posse da infelicidade, todos querem ser os mais sofredores, os mártires do mundo. Todos querem a pena e a atenção do outro; todavia, sem serem julgados como coitados e miseráveis. Todos querem tudo, todos fazem nada. E eu sou igual, por que haveria de ser diferente? Não é isso que nos exigem diariamente? Um estereótipo de sociedade, sermos todos contemplados com valores iguais, que se forem quebrados terão como consequência um julgamento implacável perante aqueles que nem competência têm para reger as suas vidas medíocres?
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
I - Aparências
E a partir daí, nada foi como dantes. Talvez por ser demasiado exigente consigo mesmo, sentia-se sem forças para continuar algo a que, segundo ele, nunca esteve apto a concretizar. A falta de confiança é apanágio dos mais capazes e o facto de não acreditarem em si não os faz menos idóneos. Chega-se ao fim de tudo e apercebemo-nos que essa falta de acreditação apenas nos ofereceu barreiras e dificuldades para superar os obstáculos. Ela era como uma estátua perfeita, uma peça criada na sua máxima perfeição, que nem o mais atento conseguia descobrir algum defeito. Era completamente idílica, na verdadeira acepção da palavra! Mas à medida que ele se tornava mais próximo dela, à medida que se envolvia na sua rede imaginária, foi-se apercebendo que afinal essa magia escondia certas incompatibilidades. Ele, que já tinha contactado com tanta gente, que já se tinha envolvido com tantas mulheres, sentia que aquela a quem verdadeiramente se entregou não era, por certo, aquela que lhe podia oferecer tudo aquilo que mais ambicionara. É irónico, talvez fosse o troco por tudo aquilo que tivesse feito no passado, talvez fosse acaso do destino, ou então fosse imaginação pura de uma mente cansada e pouco original. Ele era o Afonso, ela a Lara e este um verdadeiro monólogo!
Início
Será que é desta que é para continuar? I hope so!
espero que haja alguém para ler as historias que aqui vão sendo postadas!
bejijos e abraços