sábado, 28 de novembro de 2009

Desistir

Eu juro, não voltarei a fazer isso. E eu não posso mais acreditar, mesmo que me digas que é verdade. Simplesmente desisti. Mesmo que me digas que vale a pena tentar, quererei sempre desistir. Não é mais fácil? Talvez. E mais frustrante? De certeza. Mas quando chegas com esse olhar, com o cabelo a esvoaçar num simples dia outonal, lembro-me que talvez pudesse tentar de novo.

Mas eu não quero voltar a falar disso novamente, ou talvez fazer um gesto que possa mudar este jeito tácito e lacónico que possuo. O refúgio do silêncio acobarda o pensamento mais audaz, aniquila qualquer anseio mais ousado, mata o assassino, mesmo antes de ele puxar o gatilho.

E as frases não passam de clichés, as palavras não se descolam, quebramos, regredimos, voltamos a crescer e caímos. Somos como marionetas. E eu não voltarei a falar mais sobre isso, nem quero soltar mais nenhuma palavra.

E quando passar por lá, sorrio, numa simpatia forçada, nessa mesma mentira montada, e desisto novamente.

sábado, 22 de agosto de 2009

Introspecção

Sexta-feira: o dia está a esvaziar-se devagar e a noite custa a chegar. Aqui estou eu, sozinho nesta sala exânime. Quem sou? Que faço neste lugar inóspito? Mas, não bastasse esta minha razão insignificante, constato que me trocam a uma velocidade superior à fuga desta dor em mim.

De repente, estava só: olhei para o alto da posição em que os meus olhos passavam e apercebi-me que estava só. No fundo, somos todos vítimas uns dos outros, das recordações, dos desejos, das loucuras, dos olhares, dos vícios, de ti e de mim.

Sempre procurei estar imune a sentimentos que, por algum motivo, nunca lhes dei grande importância, pela simples razão de que me podiam facilmente escravizar.

Fugir de sentimentos totalitários sempre me pareceu a melhor opção.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Início de um fim

Tudo podia ter sido perfeito, antes daquele episódio. Nada importava. Quando estava errado, era porque queria acertar. Apesar da fragilidade, tentei sempre ser forte, mostrar um lado incoerente de um eu cansado e pouco original. Sim, era eu. Lembra-te sempre daquilo que quisemos, recorda-te dos risos que demos, das zangas que tivemos, das preocupações que cogitámos, tudo sempre a dois. E o que é relavante é que do mais importante ao menos, tudo valeu a pena.

E olhando para o que passou fortalece-nos. Achar um novo significado para o adeus pode não parecer fácil. Também não significa viver ou morrer, é apenas uma escolha. E é triste pensar que poderíamos ter escolhido melhor, estar naquele mesmo caminho. E pensar não nos torna menores, lamentar faz-nos também crescer, tal como uma nova manhã se lavanta todos os dias, mesmo após a mais tenebrosa noite.

E tu podes pensar que eu poderia amar-te mais, poderia esforçar-me mais, poderia dedicar-me mais. Mas não se pode tornar uma coisa certa quando, no fundo, se sabe que tudo está errado.