domingo, 27 de julho de 2008

O Se da vida

Porque se é para ser forte, então lutemos
Se é para sermos livres, então gritemos
Se é para nos sentirmos realizados, então busquemos
Se é para relaxarmos, então fechemos os olhos por um segundo

Busquemos ao mais ínfimo pormenor, a essência da sua existência
Auspiciemos ao ímpeto mais honroso que a mente busca
Libertemo-nos das amarras, e vejamos o horizonte
Aí sentiremos algo a crescer e a tomar forma
Um novo ser dentro de nós ou uma metamorfose enigmática?

Pois se é para chorar, limpemos os olhos primeiro
Se é para nos sentirmos felizes, então nos rodeemos de amigos
Se é para vencermos etapas, tenhamos o apoio de todos
Pois nada faz sentido sem que esteja correlacionado com outra coisa

A vida rege-se por sentidos que vêm de dentro de nós
Mas que só ganham significado se forem aceites pelo que está à volta

Pois, se é para morrermos um dia… então que vivamos intensamente!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Impulso

Antes do impulso, não há consequências
Antes do impulso, somos poderosos
Antes do impulso, vivemos tranquilos
Antes do impulso, estamos aptos a vencer

E depois nos apercebemos que tudo passa
Vemos que nada é em vão
Há coisas que não podemos explicar
Há coisas que nos fazem perder a razão

Nunca, tão forte e intenso, idolatra
Sua maneira ingénua de pensar
Frágil, fraco, impotente
Naquele momento não deixou de arriscar

Antes do impulso, vês as fraquezas
Antes do impulso, sentes os riscos
Antes do impulso, projectas a tua culpa
Antes do impulso... não há arrependimento

sábado, 12 de julho de 2008

Toque

Nesse jeito especial, ensinei-me a voar
Na imaginação levei-me a sonhar,
E por muito que queiras imaginar,
Nunca conseguirás perceber como é o toque da minha mão.

Apenas agora descobri
Que a imaginação leva-nos aonde queremos
Sinto o corpo a tremer, a compulsão intensifica-se
Esta obsessão leva-me à loucura
Nunca consegui perceber como é o toque da tua mão

Sinto-me dentro de ti
Estas novas descobertas libertam-nos
E não é presunção pensar e querer
Saber como será o toque das nossas mãos.

Amanhece

Parece amanhecer, no meio daquela tarde enublada, pela cinzas que correm com a maresia, sente-se o odor do desconhecido, e só aí nos apercebemos que tudo se desmorona à nossa volta.

Parece amanhecer, quando estamos sós, ao abrigo do infortúnio, à desconfiança da nossa razão, onde nos perdemos e encontramos num razão de segundos.

Parece amanhecer quando me dou a conhecer, quando sorrio levemente, mostrando uma timidez inevitável, no fundo julgando ser a expressão mais aterradora à face da terra.

Parece amanhecer, quando me encontro comigo mesmo, onde descubro as minhas trevas e as deixo libertarem-se, as deixo fugir, dando lugar a um lugar idílica mas extremamente exânime.

Parece amanhecer, que demonstro a loucura de uma mente cansada, quando me exprimo da forma menos usual, quando sou livre para inovar e inventar uma personagem que só me cabe a mim.

Parece amanhecer, porque vejo o sol, ora quente nas minhas costas, ora gélido quando fecho os olhos.

E no rodopiar das sensações mais inusitadas, sinto que ainda estou vivo, aliás este cheiro esquisito que me entra pelas narinas me faz sentir curioso. O que será?

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Voz


Eu sou a voz
A voz dessa tua consciência adormecida
A voz do passado e do futuro que te espera
A voz da tua natureza e de algo que ainda virá
Não tenhas medo, porque hoje saberás
Eu sou a voz que o caminho guiará

Trago a força que deixaste outrora perdida
Sou o grito abafado pelos medos alheios
Vá, não tenhas medo, outra vez
Eu sou a voz que te conhece bem

Eu sou a voz, aquela da brisa do mar
Eu sou a voz, aquela da raiva escondida
Eu sou a voz, a que te traz a esperança
Sou como a força da Primavera a florescer

Não te esqueças de mim
Eu sou a voz que espera por ti
Sou aquilo que desejas, na alvorada pronunciada
Sou a cura da ferida, a chama da dor
Vá responde-me... eu sou a voz que chama por ti!

sábado, 7 de junho de 2008

Saudade

Por que é que a saudade às vezes nos corrói? Não consigo fechar os olhos, as lembranças enchem o panorama, o coração acelera, a ansiedade instala-se e um desejo incontrolável de voltar ao passado atormenta todo o meu ser.

Será nostalgia, saudosismo ou apenas recordações saudáveis? Ah mente perversa, de tanto serves, mas de tanto me fazes sofrer. Fragmentações desproporcionadas de um tempo repleto de sorrisos e de outros com olhares lacónicos de desinteresse.

O tempo passa e não espera por nós, serei eu um incapaz de o acompanhar. Só ele, o tempo, o dirá. Por minha parte, fica apenas a saudade!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Olhar

Por que é que não conseguimos olhar fixamente durante poucos segundos? É inegável que desconhecidos não se conseguem encarar. Alguma vez parámos para pensar como é difícil confrontar alguém que se cruza connosco na rua, alguém que está no mesmo café ou, simplesmente, alguém que vai sentado à nossa frente naquele trivial autocarro? O olhar, este acto simples e complexo ao mesmo tempo, que comporta tanta ciência. Os segundos de estatismo no olhar aumentam com os anos em que conhecemos a pessoa. Aos poucos e poucos vamos roubando tempo ao tempo. Esse que fomenta o conhecimento, esse que no ajuda a encontrar o suporte no olhar do próximo.

O quão perigoso poderá ser olhar de forma leviana para aquele ser que vai à nossa frente. Talvez fôssemos mal interpretados, pois das duas uma, ou queríamos algo íntimos com essa pessoa, ou seria um olhar puramente belicoso.

Oh mas sei que outrora não foi assim, antigamente olhava com despudor, com a despreocupação inocente de quem não teme o confronto, olhava daquela forma que talvez fosse a mais correcta e verdadeira, pois sabia que daí não resultaria nenhuma consequência negativa. Será que pode ser assim outra vez?