quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lágrima

E ela escorre-me pela cara, pelo peso da circunstância passa depressa. Chega uma atrás da outra, em catadupa frenética. Um êxtase diferente, uma raiva transfigurada em lágrimas cristalinas, ora mais doces, ora mais salgadas. Limpam-mo o rosto, libertam a alma. No final das contas, sucumbi às pressões, esvaziei-me na minha essência, reinventei-me e redefini-me, para voltar a ser eu, ou quem sabe um outro que substitua a fraqueza o meu eu.

E vou tentando alcançar essa perfeição que, meramente idílica, me faz ser obstinado, mas compulsivamente depressivo, num jogo perigoso de palavras ditas ou não ditas, em gesto bruscos e singelos, em olhares lacónicos ou irritados, um verdadeiro jogo da corda bamba.

Tento manter as cordas que suportam a razão e o controlo, mas a estrutura é tão frágil que parece quebrar-se ao mais ínfimo toque. Não, não partas, por favor. Temos de continuar esta jornada, antes que ela volte a cair, essa lágrima ambígua e sinistra.

1 comentário:

Ana disse...

"We the people fight for our existence
We don't claim to be perfect but we're free
We dream our dreams alone with no resistance
Fading like the stars we wish to be
(...)
True perfection has to be imperfect"

=)