Um dia tocou-me no rosto, como o fogo que abraça ternamente a presa, foi-me devorando aos poucos, ora mais intensamente, ora de um jeito mais agradável.
Encheu-me de esperança, de confiança, de tudo aquilo que auspiciara, de tantas coisas e tão poucas, quase no jeito utópico de querer dar-me aquilo a que nunca estaria apto a receber. Queria dar-me demais, mas eu queria receber tudo e mais um pouco.
Então, o coração palpita, a ansiedade aumenta, os poros abrem-se, a pele arrepia-se, as narinas sugam o mais ínfimo cheiro. Mas eu não consigo aproveitar tudo o que está à minha volta.
E a noite cai, a lua alta me ilumina e eu entristeço. Perdi aquilo que o dia me oferecera, fui incapaz de roubar tudo o que estava ao meu dispor. A raiva e a frustração invadem o meu ser, rebento por dentro, mas enrijeço por fora. Fico apático, no canto daquele quarto sombrio, balançando para frente e para trás como uma marioneta. Revolto-me, levanto-me, fecho as cortinas subitamente. E paulatinamente uma lágrima cai-me pela cara. Adormeci, ali mesmo, no chão.
Mas a vida é surpreendente, acordei de forma lancinante com um raio de sol que atravessara os meus olhos cerrados, lembrando-me que tudo é cíclico. Tudo estava novamente ao meu dispor, sorrindo para mim, em jeito de convite sincero. A força estaria dentro de mim, e a verdadeira vida no meu coração. Pois, afinal de contas, cada um tem o seu ritmo, e não devemos frustrar-nos por não conseguir tudo hoje. Dia de saudade, amanhã é um novo dia, uma nova oportunidade. De viver, de ser feliz!
domingo, 3 de janeiro de 2010
sábado, 28 de novembro de 2009
Desistir
Eu juro, não voltarei a fazer isso. E eu não posso mais acreditar, mesmo que me digas que é verdade. Simplesmente desisti. Mesmo que me digas que vale a pena tentar, quererei sempre desistir. Não é mais fácil? Talvez. E mais frustrante? De certeza. Mas quando chegas com esse olhar, com o cabelo a esvoaçar num simples dia outonal, lembro-me que talvez pudesse tentar de novo.
Mas eu não quero voltar a falar disso novamente, ou talvez fazer um gesto que possa mudar este jeito tácito e lacónico que possuo. O refúgio do silêncio acobarda o pensamento mais audaz, aniquila qualquer anseio mais ousado, mata o assassino, mesmo antes de ele puxar o gatilho.
E as frases não passam de clichés, as palavras não se descolam, quebramos, regredimos, voltamos a crescer e caímos. Somos como marionetas. E eu não voltarei a falar mais sobre isso, nem quero soltar mais nenhuma palavra.
E quando passar por lá, sorrio, numa simpatia forçada, nessa mesma mentira montada, e desisto novamente.
Mas eu não quero voltar a falar disso novamente, ou talvez fazer um gesto que possa mudar este jeito tácito e lacónico que possuo. O refúgio do silêncio acobarda o pensamento mais audaz, aniquila qualquer anseio mais ousado, mata o assassino, mesmo antes de ele puxar o gatilho.
E as frases não passam de clichés, as palavras não se descolam, quebramos, regredimos, voltamos a crescer e caímos. Somos como marionetas. E eu não voltarei a falar mais sobre isso, nem quero soltar mais nenhuma palavra.
E quando passar por lá, sorrio, numa simpatia forçada, nessa mesma mentira montada, e desisto novamente.
sábado, 22 de agosto de 2009
Introspecção
Sexta-feira: o dia está a esvaziar-se devagar e a noite custa a chegar. Aqui estou eu, sozinho nesta sala exânime. Quem sou? Que faço neste lugar inóspito? Mas, não bastasse esta minha razão insignificante, constato que me trocam a uma velocidade superior à fuga desta dor em mim.
De repente, estava só: olhei para o alto da posição em que os meus olhos passavam e apercebi-me que estava só. No fundo, somos todos vítimas uns dos outros, das recordações, dos desejos, das loucuras, dos olhares, dos vícios, de ti e de mim.
Sempre procurei estar imune a sentimentos que, por algum motivo, nunca lhes dei grande importância, pela simples razão de que me podiam facilmente escravizar.
Fugir de sentimentos totalitários sempre me pareceu a melhor opção.
De repente, estava só: olhei para o alto da posição em que os meus olhos passavam e apercebi-me que estava só. No fundo, somos todos vítimas uns dos outros, das recordações, dos desejos, das loucuras, dos olhares, dos vícios, de ti e de mim.
Sempre procurei estar imune a sentimentos que, por algum motivo, nunca lhes dei grande importância, pela simples razão de que me podiam facilmente escravizar.
Fugir de sentimentos totalitários sempre me pareceu a melhor opção.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Início de um fim
Tudo podia ter sido perfeito, antes daquele episódio. Nada importava. Quando estava errado, era porque queria acertar. Apesar da fragilidade, tentei sempre ser forte, mostrar um lado incoerente de um eu cansado e pouco original. Sim, era eu. Lembra-te sempre daquilo que quisemos, recorda-te dos risos que demos, das zangas que tivemos, das preocupações que cogitámos, tudo sempre a dois. E o que é relavante é que do mais importante ao menos, tudo valeu a pena.
E olhando para o que passou fortalece-nos. Achar um novo significado para o adeus pode não parecer fácil. Também não significa viver ou morrer, é apenas uma escolha. E é triste pensar que poderíamos ter escolhido melhor, estar naquele mesmo caminho. E pensar não nos torna menores, lamentar faz-nos também crescer, tal como uma nova manhã se lavanta todos os dias, mesmo após a mais tenebrosa noite.
E tu podes pensar que eu poderia amar-te mais, poderia esforçar-me mais, poderia dedicar-me mais. Mas não se pode tornar uma coisa certa quando, no fundo, se sabe que tudo está errado.
E olhando para o que passou fortalece-nos. Achar um novo significado para o adeus pode não parecer fácil. Também não significa viver ou morrer, é apenas uma escolha. E é triste pensar que poderíamos ter escolhido melhor, estar naquele mesmo caminho. E pensar não nos torna menores, lamentar faz-nos também crescer, tal como uma nova manhã se lavanta todos os dias, mesmo após a mais tenebrosa noite.
E tu podes pensar que eu poderia amar-te mais, poderia esforçar-me mais, poderia dedicar-me mais. Mas não se pode tornar uma coisa certa quando, no fundo, se sabe que tudo está errado.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Alguém me ouviu
"Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego
E a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
Ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou
Que em mim a luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo"
(boa música)
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego
E a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
Ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou
Que em mim a luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder nem desistir
Eu prometo"
(boa música)
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Sentimentos
Na incerteza do acontecimento, sorri
Na busca pela felicidade, sorri
Nos olhares entrecruzados, sorri
Quando o coração palpitar, sorri
Quando te abraçar mais intensamente, chora
Quando conseguires alcançar o que queres, chora
Quando sentires orgulho em mim, chora
Quando ultrapassares todas as barreiras, chora
Quando chorares e sorrires, sente que estás vivo
Na incessante razão viver, busca o mais ínfimo pormenor
Quando me quiseres alcançar, acelera o passo
Quando buscares este sentimento, olha para mim
Pois quando estou triste, tu apareces com um sorriso
Quando estás em êxtase, eu apareço com os meus problemas
Só assim faz sentido, só assim é importante
A nossa vida completa-se, intensamente, com alegrias e tristezas!
Na busca pela felicidade, sorri
Nos olhares entrecruzados, sorri
Quando o coração palpitar, sorri
Quando te abraçar mais intensamente, chora
Quando conseguires alcançar o que queres, chora
Quando sentires orgulho em mim, chora
Quando ultrapassares todas as barreiras, chora
Quando chorares e sorrires, sente que estás vivo
Na incessante razão viver, busca o mais ínfimo pormenor
Quando me quiseres alcançar, acelera o passo
Quando buscares este sentimento, olha para mim
Pois quando estou triste, tu apareces com um sorriso
Quando estás em êxtase, eu apareço com os meus problemas
Só assim faz sentido, só assim é importante
A nossa vida completa-se, intensamente, com alegrias e tristezas!
sábado, 15 de novembro de 2008
Noite
Ela estava sentada naquela mesa, e ele estava ao seu lado. Mas ela não queria ver, sentir, imaginar ou falar-lhe. Naquele dia gélido, onde tudo correra mal, estavam os dois, feitos dois estranhos, sem reagirem à presença um do outro. Mas ele fazia de tudo para chamar a sua atenção. Todavia, ela permanecia incólume, numa pose idílica de estátua perfeita.
Naquele momento, sem se saber porquê, ela sai, correndo. Foge para algum lugar, desconhecido tanto para ele, como certamente para ela. Estava agora no jardim, onde tudo começara e, infelizmente, também acabara. Por coincidência, ou talvez não, ele também lá estava. Mas continuavam a não se falarem.
De repente, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto pálido. Ele, num gesto brusco, tenta secar-lha, contudo em vão. É impressionante, pois nem sempre as coisas evoluem no melhor sentido, às vezes tudo chega ao fim e não há nada que possamos fazer.
Cansada de tudo, decide regressar a casa, vagueando pelos passeios desertos. Ele segue-a. As lojas já fecharam há muito, sente-se sozinha, ou quer mentalizar-se disso. Perante o semáforo, deseja apenas que houvesse algum carro. Subitamente, tenta lançar-se, porém ele detém-na e sentem a respiração um do outro. Quase que se olham, mas seguem direcções opostas.
Chega sozinha a casa, atira-se na cama e chora. Ela estava ali, ele já não!
Naquele momento, sem se saber porquê, ela sai, correndo. Foge para algum lugar, desconhecido tanto para ele, como certamente para ela. Estava agora no jardim, onde tudo começara e, infelizmente, também acabara. Por coincidência, ou talvez não, ele também lá estava. Mas continuavam a não se falarem.
De repente, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto pálido. Ele, num gesto brusco, tenta secar-lha, contudo em vão. É impressionante, pois nem sempre as coisas evoluem no melhor sentido, às vezes tudo chega ao fim e não há nada que possamos fazer.
Cansada de tudo, decide regressar a casa, vagueando pelos passeios desertos. Ele segue-a. As lojas já fecharam há muito, sente-se sozinha, ou quer mentalizar-se disso. Perante o semáforo, deseja apenas que houvesse algum carro. Subitamente, tenta lançar-se, porém ele detém-na e sentem a respiração um do outro. Quase que se olham, mas seguem direcções opostas.
Chega sozinha a casa, atira-se na cama e chora. Ela estava ali, ele já não!
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