sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sentimentos

Na incerteza do acontecimento, sorri
Na busca pela felicidade, sorri
Nos olhares entrecruzados, sorri
Quando o coração palpitar, sorri

Quando te abraçar mais intensamente, chora
Quando conseguires alcançar o que queres, chora
Quando sentires orgulho em mim, chora
Quando ultrapassares todas as barreiras, chora

Quando chorares e sorrires, sente que estás vivo
Na incessante razão viver, busca o mais ínfimo pormenor
Quando me quiseres alcançar, acelera o passo
Quando buscares este sentimento, olha para mim

Pois quando estou triste, tu apareces com um sorriso
Quando estás em êxtase, eu apareço com os meus problemas
Só assim faz sentido, só assim é importante
A nossa vida completa-se, intensamente, com alegrias e tristezas!

sábado, 15 de novembro de 2008

Noite

Ela estava sentada naquela mesa, e ele estava ao seu lado. Mas ela não queria ver, sentir, imaginar ou falar-lhe. Naquele dia gélido, onde tudo correra mal, estavam os dois, feitos dois estranhos, sem reagirem à presença um do outro. Mas ele fazia de tudo para chamar a sua atenção. Todavia, ela permanecia incólume, numa pose idílica de estátua perfeita.

Naquele momento, sem se saber porquê, ela sai, correndo. Foge para algum lugar, desconhecido tanto para ele, como certamente para ela. Estava agora no jardim, onde tudo começara e, infelizmente, também acabara. Por coincidência, ou talvez não, ele também lá estava. Mas continuavam a não se falarem.

De repente, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto pálido. Ele, num gesto brusco, tenta secar-lha, contudo em vão. É impressionante, pois nem sempre as coisas evoluem no melhor sentido, às vezes tudo chega ao fim e não há nada que possamos fazer.

Cansada de tudo, decide regressar a casa, vagueando pelos passeios desertos. Ele segue-a. As lojas já fecharam há muito, sente-se sozinha, ou quer mentalizar-se disso. Perante o semáforo, deseja apenas que houvesse algum carro. Subitamente, tenta lançar-se, porém ele detém-na e sentem a respiração um do outro. Quase que se olham, mas seguem direcções opostas.

Chega sozinha a casa, atira-se na cama e chora. Ela estava ali, ele já não!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Gota

Gota que corre, escorre, pesa,
Deixa-se levar pela força do vento
Grave, suspensa, pára, continua
Intensamente azul, levemente salgada

Gota que quer rebentar
Na cara, na roupa, ou no chão
De tristeza, de alegria, de êxtase
Estupidamente largada, sinceramente sentida

Gota que leva consigo sentimentos
Livre, refém, apático, taciturno
De nada resolverá, mas muito importará
Aparece em catadupa, desaparece num instante

Gota brilhante e cinzenta
Que limpa, suja e mói
Fortalece, esclarece, promete
Gota pequena, grande, leve, pesada
Gota!

(dedicado ao vazio de ideias por que passo lol foi o que saiu de momento.. actualizado lol)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Por vezes...

Porque o momento depende de uma circunstância
Por vezes quero rir, mas só a lágrima cai
Por vezes quero dizer, mas a voz prende-se
Nada na vida é determinante ou inerte
Por vezes, quero dar-te o momento, mas só me tens a mim
Por vezes sei que é fácil errar, mas quero sempre ganhar

E somos tão fortes e fracos ao mesmo tempo
Que por vezes gostava de atingir o céu
Quando, muito vezes, nem na terra estou convicto
Nada é para partilhar, mas por vezes quero dar
Nada, nem ninguém, me pode negar um começo
Se ainda não há experiência de um fim

E é tão fácil sermos heróis e criminosos
Por vezes quero mudar o mundo, mas só o pioro
Mas o bater do meu coração permanece
Estou vivo, mas por vezes quero esquecer-me disso

E nesta roda-viva, junto da multidão
Somos mais um, mas por vezes queríamos ser os únicos
Reinventar o que nos rodeia é por vezes uma opção
As ruas parecem profundas, os passos custam a dar
Está escuro, os carros passam e os holofotes iluminam-nos.

Mas nada vai mudar a minha maneira ser
Pois, se por vezes quero rebentar
Constantemente encontro que afinal este ser
Pautado por erros e fantasia
Sempre terá a oportunidade de vingar na felicidade
Por vezes ou sempre, nada será impossível!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lágrima

E ela escorre-me pela cara, pelo peso da circunstância passa depressa. Chega uma atrás da outra, em catadupa frenética. Um êxtase diferente, uma raiva transfigurada em lágrimas cristalinas, ora mais doces, ora mais salgadas. Limpam-mo o rosto, libertam a alma. No final das contas, sucumbi às pressões, esvaziei-me na minha essência, reinventei-me e redefini-me, para voltar a ser eu, ou quem sabe um outro que substitua a fraqueza o meu eu.

E vou tentando alcançar essa perfeição que, meramente idílica, me faz ser obstinado, mas compulsivamente depressivo, num jogo perigoso de palavras ditas ou não ditas, em gesto bruscos e singelos, em olhares lacónicos ou irritados, um verdadeiro jogo da corda bamba.

Tento manter as cordas que suportam a razão e o controlo, mas a estrutura é tão frágil que parece quebrar-se ao mais ínfimo toque. Não, não partas, por favor. Temos de continuar esta jornada, antes que ela volte a cair, essa lágrima ambígua e sinistra.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Luz

Já pensei muitas vezes sobre isso, nunca ninguém se importou ou me ouviu, será um sentimento normal ou estarei apenas a sonhar. Será paranormal, quem sabe.

Mas o meu tempo continua a passar, de uma forma imperceptível e sem cor. Ladeado de luzes esbatidas, reluzentes e brilhantes, vagueio paulatinamente pelas ruas, acreditando que tudo terminará na próxima esquina. Deveria esquecer tudo o resto, aquele pedacinho de razão que me prende àquilo que não quero ser.

E a luz continua ali, agora aquece-me as costas, como me chamando para virar radicalmente um modo de vida pouco usual e aceite. Eu não acredito em presságios, por isso continua nesta minha teimosia incessante forma de errar. Será estupidez?

Desejo ansiosamente a vontade de arriscar, pois só assim me conseguirei ver livre deste foco que me acompanha e retomar, retomar à vida em pleno. Serei feliz e aí, sim, poderei sorrir!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Uma despedida anunciada...

Chegou ao fim, o ciclo tocou num ponto inevitável, onde tudo desabou e me obrigou a retomar um novo rumo, uma nova esperança.

Para trás fica tudo o que vivi, tudo quanto chorei, gritei, ri, esbocei, ou simplesmente pensei. Só assim parto com a certeza que nada foi em vão, cada segundo teve o seu significado e o seu espaço dentro de mim.

Fui marcado, mas também marquei, da forma mais duradoura possível, aquela sem julgamento, aquela que fica na lembrança.

É altura de combater novas batalhas, mas tudo o que aprendi me vai ajudar a ser mais audaz e astuto, as dificuldades esvanecer-se-ão ao toque da memória que me presenteará, constantemente, com a mais bela recordação do passado, como uma mão que ampara a queda e nos ensina a olhar em frente.

Pois na altura da despedida sentimos um vazio enorme, um desamparo fictício, que só o tempo nos mostrará o benefício. Vou virar-me de uma vez só, sem olhar para trás, não levem a mal. É a única maneira de o conseguir fazer, sem aquela mesma lágrima do início me escorrer pela cara. Afinal de contas, a despedida já estava anunciada. Mas dói, e muito...